09 dezembro 2009

Eu sou o milagre!



Um lindo e duplo milagre... filha de uma sapatão convicta e um travesti transformado.
É isso aí! Meu pai tinha peito e minha mãe nunca usava sutiã. Ambos lindas prostitutas soro positivas.
O travesti foi primeiro, mamãe muitos anos depois... e eu sigo parindo milagrosamente filhos saudáveis.
Fui orfã de mãe viva durante muitos anos... crescendo saudável, sem maiores cuidados feito capim,  criada debaixo de cacete pelos meus avós maternos
Ninguém é um milagre impunemente,  cobravam no meu lombo a conta de minha mãe (tá certa mãe, eu se pudesse também tinha fugido aos 15!)
Perdi minha virgindade em circunstâncias que variam de acordo com o meu humor. Mas foi bem cedo.
Não me lembro quando isso tudo começou, sei que enquanto minhas primas ainda brincavam de boneca eu já trepava como gente grande.
Com gente grande.
É simples, eu gostava dos homens... eles gostavam de mim... aos 11, 12 eu já não era criança. Eu era uma perdição.
Eu cresci, assim, milagrosamente... me dei bem e mal na vida. E dei muito.
Me tornei puta  quando cansei de dar só para me exibir. Agora quem quisesse ia ter que pagar, chega desse negócio de dar enconstada no muro ou no lote vago.
E nesta mesma época fugi para não ver minha mãe morrer...ah! Não me culpo... por que a verdade é que foi um acidente ela estar presente na hora do meu nascimento... ela nunca mais esteve comigo de verdade em lugar algum.
Eu tinha a prostituição na minha composição genética... talvez por isso, em quase todo lugar que trabalhei demonstrava ser a que mais tinha vocação pra coisa.
Na BR que vai de Minas pra Sampa, na boite, na cama... onde sua imaginação mandar desde que o meu preço seja pago.
Eu já não era mulher, eu era granada!
 E hoje meu amigo eu não sei te dizer quantos homens passaram pelo meio das minhas pernas.
Deve existir uma explicação, mamãe devia dançar pra mim antes de me deixar sozinha e partir pra vida... outra coisa não explica meus movimentos, lindos, espontâneos... não faço idéia de como os adquiri... pendurada naquele ferro no palco, uns 30 caras me olhando, as parceiras de vida também, com alguma inveja... R$ 1.200,00 nas próximas 4 horas...
Hoje, após a minha segunda gravidez o espelho sinceramente não reflete mais algo tão viçoso.
Eu sou estilhaço e fumaça que fica depois da explosão.
Mas me acredito ainda muito letal... não tenho nada meu amigo, eu não me importo.
Meu legado são minhas paixões e passado pra render umas três biografias.
Como mamãe, também não vou deixar herança para os meus bebês acidentais.
Na profissão de Maria Madalena eu não fiz fortuna.
Eu fiz estrago!