09 dezembro 2009

Eu sou o milagre!



Um lindo e duplo milagre... filha de uma sapatão convicta e um travesti transformado.
É isso aí! Meu pai tinha peito e minha mãe nunca usava sutiã. Ambos lindas prostitutas soro positivas.
O travesti foi primeiro, mamãe muitos anos depois... e eu sigo parindo milagrosamente filhos saudáveis.
Fui orfã de mãe viva durante muitos anos... crescendo saudável, sem maiores cuidados feito capim,  criada debaixo de cacete pelos meus avós maternos
Ninguém é um milagre impunemente,  cobravam no meu lombo a conta de minha mãe (tá certa mãe, eu se pudesse também tinha fugido aos 15!)
Perdi minha virgindade em circunstâncias que variam de acordo com o meu humor. Mas foi bem cedo.
Não me lembro quando isso tudo começou, sei que enquanto minhas primas ainda brincavam de boneca eu já trepava como gente grande.
Com gente grande.
É simples, eu gostava dos homens... eles gostavam de mim... aos 11, 12 eu já não era criança. Eu era uma perdição.
Eu cresci, assim, milagrosamente... me dei bem e mal na vida. E dei muito.
Me tornei puta  quando cansei de dar só para me exibir. Agora quem quisesse ia ter que pagar, chega desse negócio de dar enconstada no muro ou no lote vago.
E nesta mesma época fugi para não ver minha mãe morrer...ah! Não me culpo... por que a verdade é que foi um acidente ela estar presente na hora do meu nascimento... ela nunca mais esteve comigo de verdade em lugar algum.
Eu tinha a prostituição na minha composição genética... talvez por isso, em quase todo lugar que trabalhei demonstrava ser a que mais tinha vocação pra coisa.
Na BR que vai de Minas pra Sampa, na boite, na cama... onde sua imaginação mandar desde que o meu preço seja pago.
Eu já não era mulher, eu era granada!
 E hoje meu amigo eu não sei te dizer quantos homens passaram pelo meio das minhas pernas.
Deve existir uma explicação, mamãe devia dançar pra mim antes de me deixar sozinha e partir pra vida... outra coisa não explica meus movimentos, lindos, espontâneos... não faço idéia de como os adquiri... pendurada naquele ferro no palco, uns 30 caras me olhando, as parceiras de vida também, com alguma inveja... R$ 1.200,00 nas próximas 4 horas...
Hoje, após a minha segunda gravidez o espelho sinceramente não reflete mais algo tão viçoso.
Eu sou estilhaço e fumaça que fica depois da explosão.
Mas me acredito ainda muito letal... não tenho nada meu amigo, eu não me importo.
Meu legado são minhas paixões e passado pra render umas três biografias.
Como mamãe, também não vou deixar herança para os meus bebês acidentais.
Na profissão de Maria Madalena eu não fiz fortuna.
Eu fiz estrago!

24 novembro 2009

Sou simpática. Não vou por isso dar pra você!!!


Talves eu devesse lhe contar o quão ridicula são suas excursões ao meu mundo, fingindo que está só de passagem e que nada por aqui lhe interessa de verdade.
Talvez. Mas você sabe, não faria isso por caridade. Você não merece e além do mais é bem divertido te ver digerir com dificuldade tanta história e não fazer idéia de como pode caber tanta coisa suja em tão poucas décadas de vida.
Estacionado aí enquanto me vê desfilar todo o meu arsenal de malícia, se satisfazendo com meu mal humor, por já ter desconfiado (garoto esperto!) que não há nada mais aqui para você.
É divertido, mas talvez eu devesse mesmo alerta-lo da falta de originalidade de suas propostas "subliminares" (qualquer criança saberia o que você quer com esse excesso de atenção).
E é sempre assim e eu há muito desisti de entender vocês... Chegam e descobrem um ou outro detalhe a meu respeito e acham que vão tirar algum proveito da situação. Fiquei curiosa agora, baseados em que vocês acham isso? Já vi dezenas de vocês passarem por aqui, admirados e pedintes... e sairam com os braços doloridos de tanto estender as mãos. Não pingo moedas nas mãos de medingos, já tenho o meu flageladinho pessoal e acho errado isso de banalizar a probreza (mesmo que sexual) .
O que os leva cometer o mesmo erro é uma incógnita para mim.
Já me viram subir a Afonso Pena lá pelas tantas com um shortinho enfiado no rabo?
Dar mole para meus superiores algum dia, já viram? Mesmo sorrir quando não estou a vontade ou bajular chefe a troco de algum benefício, me diz, já viu?
Então amigo, o que o leva a crêr que minha tarefa aqui é faze-lo feliz? Que vou ajuda-lo com seus probleminhas? Não, eu não vou. São SEUS problemas e além de tudo muito desinteressantes. Matariam qualquer analista de tédio! Sabe o que você me lembra as vezes? Estes senhores exibicionistas que ficam em horários estrategicos em lotes vagos esperando as adolecentes passarem para lhes mostrar o seu pau. Nunca entendi a lógica desta ação, acho que o que os leva a fazer isso é o simples prazer de se mostrar mesmo. Ou será que eles acham que as mocinhas serão tomadas de um tesão vertiginoso e se lançarão lote vago a dentro com eles para lhes satisfazer todos os desejos???
Você acredita que elas iriam?Crêem mesmo que sua ereção me comove?
Ah, qual é parceiro. Uma ereção de idéias lhe cairia muito melhor...

05 novembro 2009

Jovem, cachorra e feminista!

Um único encontro, uma trepada inconsequente... aquela epoca em que toda fêmea e tomada por uma fúria úterina e não consegue controlar seus impulsos...
Se alguém a tivesse consultado talvez ela dissesse que estava disposta a abrir mão do “previlegio” de ser mãe. Mas a quem interessaria a sua opnião? E ela está agora cumprindo o seu papel social de por filhos no mundo, filhos estes que se não chegam a ser indesejados, não são desejaveis todo o tempo!
E pariu sozinha, sem assistencia alguma... não por que foi vitima do sistema de saude brasileiro, mas pelas noticias acho que se tivesse buscado ajuda, poderia ter sido.
E ela os cria sozinhos, o que não a torna pioneira, este é um fenomeno bastante comum atualmente, sociólogos chegam a apostar que esse é o novo modelo familiar, composto por mãe e filhos, onde o papel do homem está seriamente ameçado, o que pode dar certo ou não. Tá cheio de histórias bem sucedidas por aí e outras tantas não.
Mas pelo menos para ela, ainda não é hora de pensar nisso. De mais a mais, seus filhotes já são um fato. E seriam muito mais seus do que do pai, mesmo que ele estivesse aqui. É sempre assim... os filhos são muito mais das mães do que dos supostos pais, não se lembra de ter ouvido alguma vez um único xingamento no estilo “seu filho de um puto!” ou alguém ser perguntado “ se o seu pai não te deu educação?” A bola tá com ela! Só por que numa seleção genética arbitrária calhou de nascer fêmea.
Agora deu pra pensar em coisas como a evolução da ciência, sonhar com o dia em que os machos tambem poderão amamentar. Não seria uma má idéia hein? Estes bêbês poderiam arrumar um outro lugar para coçar os seus dentinhos infernais. Por que no inicio não era tão ruim, foi como alguém disse, você consegue até sentir tesão. Um prazer quase  incestuoso.
O problema são os dentinhos que ameaçam nascer, seus filhotes  não se decidem se querem seu leite ou sua carne,  eles hoje não se contentam só em suga-la, eles a mordem na ância de sobreviver.

- Eu tinha seios até jeitosinhos viu? Eu não reconheço estas mochibas... que diabos estes bêbês estão fazendo comigo? Eu não tenho tempo para fazer coisas que eu gosto, nem mesmo as coisas que eu preciso, como me embolar num cantinho do sofá e tirar uma soneca,vocês não esperam que eu esteja bem disposta para criar estes bebês sem exercer o meu sagrado direito ao sono?"

- Eles mordem, não me  deixam dormir e preferem a companhia um dos outros á minha, a não ser quando estão com fome. Hoje é só para isso que eu sirvo... sou uma tetona ambulante!

- Que o garoto já seja assim ordinário desde o berço eu até posso entender, por que a natureza o protegeu dessa agrura, ele e jamais saberá em nenhuma fase de sua vida o que é esta experiência. Mas a menina? Algum dia vai experimentar algo parecido, e é a que mais me esfola! A desunião de nossa classe passa também pela relação mãe e filha, dificílima! Eu desejo sem o menor remorço que ela passe por isso algum dia, como as crianças de hoje são cada dia mais precoces eu posso prever que não vai demorar.

- Eu ate tive mais tempo de juventude, cuidaram para que eu não ficasse prenha tao logo eu me liguei no sexo oposto. Uma princesinha encastelada... custo a acreditar que sinto falta das privações que me impunham... a vida mais tarde se revelaria nada doce pra mim. Que saudade de querer dar uma volta e ser impedida, "jovem demais pra isso'.  - Que saudade do tempo que eu era só uma cachorrinha safada! Ah, o meu corpinho tenro que eu exibia com orgulho, a macharada toda de olho no meu rabo!

- Me tornei mãe ao mesmo tempo que me tornei feminista, não sei como vocês outras mães não passaram por esta mesma transformação... não tem como saber o quanto é duro ser mulher, até que se invente de parir... aí comecei a pensar em coisas que não pensava antes. Alguém podia fundar uma ong feminista (eu não, não tenho cabeça pra isso.) de apoio a ex cachorras safadas que se tornaram mães. A gente junto podia fazer pressão naqueles cientistas (a maioria é homem), o que acham? Exigir prioridade na resolução de nossos problemas, sair as ruas gritando coisas como “Cachorras, pelo direito de decidir!” nos apropriar de bandeiras históricas, adaptala-las a nossa realidade. O que acham de  "Cachorras oprimidas do mundo, uni-vos!"  Pense nisso amiga cachorra, essa luta não poderia ser também sua???



Citações engraçadinhas...

"Quando você vai amamentar, a libido cai para o pé."


- Mariana Ximenes, atriz

Fonte:Revista VEJA Edição 1950 . 5 de abril de 2006

"Não só a libido, os peitos também.”

- Fernanda Young, escritora em resposta a matéria da Veja , no programa Irritando Fernanda Young, do canal GNT


E sérias, mas cheia de graça...


"Já é permitido às mulheres evitar a gravidez recorrendo à matemática mas ainda é lhes proibido recorrer à química e à física."

Henry Louis Mencken (sobre o aborto)


03 novembro 2009

Noivos Malditos


Quando os noivos são dois malditos.
Quando passaram boa parte da vida mentindo para os outros.
Quando ela, embora 11 anos mais jovem já acumula pecados semelhantes aos dele.
Bem, talvez eles dispensem a cerimônia na igreja, com a desculpa de não terem uma religião quando o real motivo para fazê-lo e a preocupação que nem seus pais dêem as caras por lá.
Talvez ela abra mão de um enxoval luxu(ri)oso, talvez parta munida só de sua desesperada vontade de fazer dar certo.
Talvez ele fuja da instituição onde se encontra se desconfiar de tanta subjugação.
Talvez ela conte a ele, talvez não.
São dois malditos de quem os pais almejam se ver livres, mas não juntos. Por que sozinhos eles já não eram fáceis, agora com essa maldita história de casamento...
Mas os planos de noivos malditos não se diferem muito dos planos de qualquer outro casal. Eles querem e apostam alto na felicidade.
Malditos sortudos! Ja têm um apartamento os esperando com tudo dentro.E ela sonha que já vive lá com ele todas as noites, e acredita (quem diria) em seu mais que jurado amor.
Ele duvida um pouco do dela, mas quem tem certeza absoluta de alguma coisa quando se trata de seu caráter?
O máximo que ela pode esperar é fé. Ela desiste de ganhar amor no grito.
Talvez esse estranho casal seja mesmo a única testemunha nessa terra (Deus é a maior delas) da grandiosidade e sinceridade de seus planos.
Ela se queixa por que adora público e não terá, mas admite a contra gosto que essa história maldita é como toda grande história de amor, sem sofrer as devidas resitências jamais renderá uma boa biografia.

Para um amor vegetariano...

Saudade, bichinho arredio.
Dificuldade de relatar sem me exibir.
Fazem dez anos, mas ainda assim tem a capacidade de doer ao ser lembrado. E me atrevo (mesmo sem a formação adequada para tanto) a vincular algumas deformações que eu apresento em meu caráter a essa série de "não acontecimentos" da qual eu falo a seguir.
É um história enfadonha de não realização. Cansativa, igualzinha a de um monte de gente por aí... A história de um amor puro e muito bobo, que não sabia infelizmente a força criadura que possuia e tão pouco como a partir daí  passaria a desconstruir tudo (para não dizer liquidar!) e habituar-se a não ter, a não achar que pode ou que merece.
São desta época as únicas poesias honestas que foram escritas, mas que seriam não honestamente reformadas todas as vezes se inventasse um novo amor. Todas! Orignalmente escritas para ele... Surpresa! Nenhum de vocês outros me inspiraram a tanto. Mas tudo bem, eu os deixo exibi-las por aí como autênticas provas de que foram amados por mim....
"A desgraça é que tudo é lembrança!" e o que o trouxe a tona de novo foi um filme que eu já havia visto mais de uma vez, e mais de uma vez me emocionado. Chama-se Nunca fui beijada... comédia romântica típica, nada de especial. Exceto uma citação da atriz principal no fim do filme,que emociona por que é verdade e embora o filme seja do ano de 1999 é muito óbvio e sempre atual. É sobre o fato de toda menina ter um garoto por quem vai escola todos os dias... (com a voz da Drew Barrymore narrando e trilha sonora fica muito emocionante mesmo! Eu juro!) bem, este garoto era você. E para meu horror isso não era segredo para ninguém. Sabia que ainda hoje pessoas que nos conheceram juntos ligam a minha história a sua? Vez ou outra sou perguntada sobre você como se a gente jamais tivesse deixado de coexistir. Tamanha a força daquilo que nós nem vivemos plenamente.
Alguém dirá que essa é a coisa mais natural do mundo, nada original e que todos os dias em colégios no mundo inteiro estão se formando jovens casais.
Algo que aconteceu há mais de dez anos, nem mereceria ser aqui relembrado. Mas eu insisto que merece! O "não-ocorrido" hoje mais do que nunca experimenta importância.
O que nós não fizemos e eu depois fiz inúmeras vezes sem você poderia sim ter mudado o rumo da minha história (e, Deus! De tanta gente...)
Por que, se nós já tivessemos feito eu não conheceria o cara com quem eu também não fiz (não como se deve) por que ainda esperava fazer com você, e com quem por isso eu resolvi apelar para formas "alternativas". Que transformou hoje, o fazer em um inferno! (Pausa para fumar um cigarro, a pior coisa que aprendi a fazer depois de você. Mas a respeito disso eu ainda não sei vou como responsabiliza-lo)
Outro exemplo, esse homem que eu hoje tenho cativo, só me idolatra  pela minha coleção de erros graves e falhas de carater. E esta "invejavel" coleção (que eu insisto em chamar de autenticidade e que acaba sendo o que eu tenho de melhor infelizmente) eu só adquiri tirando o atraso de coisas que eu deseja mas reprimia no tempo que nós coexistimos, e passando a pratica-las em escala industrial.
Você hoje figura num seleto grupo de pessoas que não me amaram com angústia, é minha lembrança mais bonita, de um tempo em que pré-requisito pra uma música ser boa ou não era o fato de estar cantando o amor que eu achava que vivia.
Faltava ali maturidade pra lidar com algo tão imenso (Por que quando a gente é pequeno tudo parece enorme!) maturidade essa que me vem e volta ainda hoje.
Faltava a tal autenticidade que ironicamente só adquiri por que cheguei a conclusão que não fizemos, que não fomos, por que eu não a possuia.
Me lembro de ter caçado você muitas vezes quando eu já estava de posse dela.
Eu ia a qualquer lugar onde me dissessem que você poderia estar, vestindo invariavelmente a minha tão sonhada autenticidade, as coisas novas que eu tinha aprendido, um vestido curto e alguma coisa de strass.
Foram raras as vezes em que fui presenteada com um reencontro, e todas as vezes revelavam que eu nunca estive pronta pra você. Eu não poderia receber você nem aos 40. Seria até criminoso da sua parte... por que diante de você eu jamais deixei de ter no máximo 17.
Eu ainda sou quando penso em você, como agora, a menina bonita e sem consciência disso que você abraçou quando nos despedimos na formatura.
Nós não fizemos. E mais tarde eu fiz com todo mundo. Era simples demais... por razões variadas ou sem nenhuma razão. Eu só não fiz com você!
Uma perna para o lado, a outra pro outro... e receber em mim a única coisa de você que ainda não conhecia. Eu provavelmente não gosaria, por que estaria muito preocupada em te imprecionar. Foi exatamente assim quando aconteceu, só que sem você.
Eu tinha medo do que você representaria para mim se um dia fisessemos. Que tolice! Não fizemos e você ainda assim representa muito, talvez bem mais do que se tivessemos feito. Por que se assim o fosse você seria simplesmente o primeiro.
Não fizemos, e você vai ser pra sempre a história de uma triste amputação.
Sim. Por que foi isso que aconteceu depois. Esse é o resto da história se ela for contada por alguém mais sincero que eu.
Por que aquela menina teve seu coração amputado. E com ele a sua pureza (justamente a que ela achava que perderia em seus braços, e teve medo) e não só... em suas andanças deixou cair por aí a sua capacidade de ser fiel por mais que goste. Ela se tornou uma paraplégica sentimental, que hoje se orgulha de não valer o sal do batizado. E gostaria que você estivesse aqui pra ver o que foi feito dela.
Mas não, acho que mesmo agora, diante de você eu teria no máximo 17, e te contaria quase tudo o que se passou comigo em tom confessional, como se falasse a um padre. Não arrempedida, mas provavelmente chorando e te implorando pela chance de viver ao seu lado mais algum tempo, quando também de novo não fariamos mas experimentaria outra vez aquele desejo pubescente e o não atrever. A delícia de te amar vegetarianamente...
Isso aqui não é de jeito nenhum uma declaração de culpa tão pouco um lamentar qualquer coisa, isso é uma reflexão que pude fazer num raro momento de paz. Uma tentativa de prever do final para o ínicio  alguns acontecimentos... coisa que gosto de fazer na minha inúltil busca por certezas. Quando na verdade tudo o que se pode ter é fé!

28 outubro 2009

Em off.

São 19 tatuagens e eu não posso amar alguém cujo corpo abriga 19 desenhos, um mais tosco que outro e que não refletem nada além de um modismo exarcebado. Sendo três deles nomes de mulheres, três marcas de um passado que eu desconheço em absoluto.
São só 18 anos de vida e menos de 8 passados em sala de aula, mesmo que eu desconsiderasse o fato de você ser 5 anos mais jovem que eu (afinal sou uma mulher moderna, imagina se me limitaria a um detalhe tão insignificante...) tem aí o problema da falta de uma educação formal, que você ao contrário de mim não julga importante.
E eu te vi rindo enquanto eu discursava com orgulho sobre o curso que faço!
E tem mais! Você é fútil e se veste como qualquer garoto aos 18, se rende a qualquer novidade que tenha caído no gosto popular, tem um vocabulário sujo e limitado, mora longe, torce pro Botafogo e alguém pelo amore, me explica o que era aquele seu cabelo vermelho???Mas ai! O que estou eu fazendo agora? Pensando de novo em você, lembrando as cinco bem feitas vezes em que fizemos amor.Fazem quase 24 horas que não consigo parar de arrepiar ao pensar em você, lembrando aquelas sujeiras que você falava ao meu ouvido, lembrando aquele sofá duro onde somente fingindo ignorar o número de pessoas que já devem ter trepado ali é possível se sentar.
Passamos ali o quê? 9 horas juntos? Sem dormir, conversando e contando mentiras, aquelas típicas de quanto pretende-se imprecionar alguém.
E entre uma risada e outra, cigarros, beijos e sexo. Deixa eu te contar que nunca foi assim... nunca! E eu pretendia manter em off essa história toda, tratar como algo isolado, um intervalo em minha vidinha descontrolada de antes e depois de você.
Mas como manter isolada uma coisa que está monopolizand0 meus pensamentos e me deixaram marcas no corpo que relembram aquela madrugada imemorial, onde eu me permiti todo prazer do mundo com alguém de quem mal sabia o nome mas cujo sorriso lindo não pude ignorar?

Marx, Engels e Kama Sutra

Eu acho impossível vê-los juntos agora sem remeter imediatamente a escada, ao elevador e a que ela sabe!
Gostosa a sensação do alcóol abandonando o corpo, tudo agora faz muito mais sentido...
Não dói! Esse meu fogo de palha me salva da sua canalhice.
Mas são as Ciências Socias, o coletivo e a intervenção positiva na sociedade. Somos todos aqui teóricos da boa convivência mas muito pouco dispostos a por em prática.
A gente se sente o máximo por ter uma educação formal mas duvido que assistiria a mais descaso com o semelhante se estivesse num morro, num baile funk qualquer.
Por que é tudo igual demais, todo mundo espera se dar bem depois de cinco copos de cerveja.
A descrição, o respeito e a lealdade a gente pratica são e ao sol. O alcóol e a noite selecionam e corrompem.
E eu estou falando da putaria que a todo mundo promove independente do grau de instrução, eu promovo, tu promoves e ele? O tempo todo e de preferência com alguma amiga minha... Foi tão previsível que nem ciumes eu posso sentir; O que fizemos com os amores caretinhas? -Eu sou seu e você meu, até que a morte nos separe? -Não tem ninguém nesse maldito curso afim de estudar isso não?
O "garoto que eu vou deixar em off" estava certo enfim, uma educação formal não te ensina nada de vida, mundo e boa convivência.

Perdoai as nossas ofensas...



Ecinho e consciência de Deus, que segundo ele "é um cara foda enão precisa ser bajulado"

- Deus é quase uma cerveja gelada (sobre o prazer de "receber" Deus)
- Não, Deus é como brincar de batata quente (se te tocou você deve passar pra frente, o bem não pode morrer em você)

"A inocência do prazer"


A mesma armadilha. Errar o mesmo erro até conseguir escrever sobre ele.
Dormir três noites ao lado dele e não fazer outra coisa além de dormir, e pior, nem toda a noite de conxinha. Penso que evoluí, pelo menos hoje não ando mais a pé para fazer a mesma coisa. Em um passado não muito distante era exatamente isso que eu fazia, andar pelo menos uns 9km sem um puto no bolso para dar ao menino uma nova oportunidade de me imprecionar. Talvez se eu não achasse o sexo tão fundamental, se tivesse tido mais carinho em casa, se pudesse dizer não aos meus impulsos.
Talvez... O fato é que estive de novo com ele, por quatro longos dias em que ele fumou muito, bebemos e dormirmos juntos para no último dia conseguir lhe bater uma punheta.
É para isso que gastei meu pouco dinheirinho investindo em lubrificantes e camisinhas, vinhos relativamente caros e principalmente torrando a minha escassa paciência. Bater-lhe uma punheta!
Vão me dizer que sexo não é tudo, mas eu sempre acho que as relações sexuais são o termômetro do amor. E aqui eu falo em quantidade mesmo. Muitas significam muita paixão. Poucas uma perda súbita de interesse na pessoa que se esforçou para dormir ao seu lado.
É carência e das bravas!
Tenho uma necessidade insasiável de contato físico, para mim dormir junto só é bom se eu puder me enganchar no seu pescoço por toda uma noite. E ouse reclamar de calor! Ver as costas do meu companheiro por toda a noite doloroso como passar fome.
Para mim dormir junto prevê um abraço interminável que o sono e a previsão metereológica não interfira e se possível sexo, antes de dormir e ao amanhecer. Para dormir cada qual virado para um canto fico em casa na minha caminha de solteiro, onde pelo menos ao acordar poderei soltar pum impunimente...
Mas o Cazuza escreveu algo nesse sentido,é uma música, chama-se "A inocência do prazer". É sobre como a gente se arma para fazer as coisas darem certo e em como estamos errados ao fazer isso. Geralmente saimos frustrados disso tudo, e mesmo quando a coisa sai, não flui.
Fica forçado... e a gente nunca terá certeza se era pra ser ou se forçarmos a barra de tal forma que teve que ser.
Outro dia foi assim, deitada ao lado dele sem a menor perspectiva de fazê-lo virar-se para mim. Olhando para sua nuca como uma mendinga esfomeada, xingando até sua oitava geração... Mas havia outras coisas que alimentavam o meu ódio além do tesão. Havia a minha vontade de sair pra rua e beber, estava linda e queria ser vista.
E o que fiz? Liguei para um seu amigo, disse que estávamos (eu e ele, que na verdade dormia profundamente) loucos para fazermos alguma coisa e perguntando que o tal amigo ia fazer aquela noite. Respondido, articulado e combinado fui me vestir de acordo e ele continuava dormindo. Só acordou na hora que esse seu amigo chegou já meio alterado pelo álcool, falando alto e insistindo que deveriamos acompanha-lo até um bar onde estava rolando uma banda legal. Ele, atordoado pelo sono aceitou. Por que não é o tipo de cara que deixa amigo na mão (namorada ele deixa!) e lá fomos nós, ele claro não entendendo como eu já poderia estar pronta para sair quando ele ainda estava terminando de acordar. E eu feliz com minha armação dando certo e com as possibilidades que a noite oferecia.
Se foi divertido? Sim, por que era noite, a cerveja estava gelada e as companhias eram muito agradáveis...
Mas seria muito melhor se não tivesse existido um outro dia, uma tarde que nada prometia e que ficará marcada pela naturalidade com que o prazer chega, sem ser solenemente convidado. Depois de tomar um banho despretencioso, entre o quarto dele e a cozinha. Olhar nos seus olhos durante um encontro bobo (eu ia a cozinha, ele voltava para o quarto) e ler neles todo o amor escrito através dos tempos. Um beijo só e ser arrastada para o quarto.
Tardes assim são tão maravilhosas que seriam melhor que não tivessem existido. Só assim eu poderia continuar a achar que posso com boa vontade contornar qualquer obstáculo ou ganhar carinho no grito!

No céu, sobre o lixo

Caminhar descalça no céu, de sainha de cortina e sob uma chuva medonha. Não há mais nesta casa onde fui feliz deseperadamente, ele vendeu tudo e cheirou tudo. Tá sem grana pra ir embora mas tenho certeza que irá ainda hoje. E vai ser melhor assim, preciso retomar a minha vida enquanto tenho uma. E ele precisa preservar melhor a dele.
Não consigo chorar e isto está me matando. Recuperei a fé em mim e em Deus. E ele foi totalmente responsável por isso, paradoxal. "Ele" que a vida toda negou todos os valores cristãos, se vangloria de ser comunista e ateu. No fim acabou dando-me motivos suficientes para buscar em oração a misericórdia divina.
Não sou capaz de afirmar que Deus estava conosco, mas deve ter mandado um representante eficiente. Outra coisa não explica que o ar ainda entre em nossos pulmões, nos mantendo vivos para continuar a praticar tanta merda. E ri delas.
O " Ele" em questão me recriou, melhor, me inventou outra vez e com ele vai uma Tulipa. Uma que só existiu em seus braços.
Aí a gente na emoção faz promessas, parei de beber e de fumar por que quero viver para ver onde esse cara vai parar! Potencial ele tem, falta mãe por perto.
Continuando, pela última vez nessa casa, sentada sobre um monte de papéis velhos e sujos e escrevendo estas coisas, valeu a pena demais errar ao seu lado... E ele as vezes fala umas coisas tão idiotas que só rindo mesmo... me fez anotar para depois calcular quantas namoradas teve e acabou de me contar que contando com a minha pessoa ele deve ter comido umas 30 meninas depois que terminou o ultimo namoro. Coisas que um líder politizado como ele só teria coragem de confessar a mim, prefiro nem imaginar o por que.
Exageros a parte, não consegui sentir ciúmes, juro. E nem estranho... acho que de tanto bancar a moderna eu deformei meu coração para sempre...
Eu o amo. Tá doendo pra caralho saber que agora é thau pra sempre mas eu ainda consigo sorrir.
Feliz por que tudo isso existiu de verdade, de novo bancando a leoa, decidida que não sei ser feliz de outra forma.
No final, felizmente não existe uma só maneira de fazer dar certo, fiz do meu jeito e deu muito certo. Tanto quanto pode dar certo algo que se faz de olhos fechados e guiada pela intuição.
Acabou aqui, sentada sobre um monte de lixo o luxo de coexistir com ele.
Sou grata. Deus é o cara!

Depois das 03:00

"-Pra começar não tem perdão! "
O que é ótimo, ser perdoada a essa altura tiraria metade do tesão. Me lembrei esta manhã da selvageria promovida as três da madrugada, que não se permite dormir mais tarde nunca viu.
E bateu saudade, meu coração agora está envenenado deste sentimento: O que se vê depois das três?
- Coisas como pó, homossexualismo e prostituição.
-Meninas que até as onze manteram a pose e não se jogaram no colo de seus algozes, mas depois disso, prevendo que não haveria coisa melhor a fazer, sucumbiram... e na manhã seguinte vão arrepender-se, e começar todo o ciclo vicioso outra vez: arrependimento-orgulho-tentação-retorno.
Ninguém que pisa na rua após as três é muito bom em resitir as tentações.
Lembrar a madrugada e falar de suicídio, por que pouco sono adoece, coisas que estimulam e não deixam dormir viciam, o prazer destas coisas todas que acontecem todas as noites em qualquer bar desta cidade entorpecem...
E o pó no capô da carro, e moça que samba linda em sua vulgaridade em frente ao Dj Box e claro, o indisvendável segredo da sainha de cortina.
Por onde é que essa gente anda por todo o dia que não se cansa?
A quanto tempo sambam e bebem assim?
Hoje ninguém trabalha amanhã.
Ninguém tem filhos, nem marido, nem esposa.
Todo mundo é rico e lindo, por que a madrugada corrompe e seleciona.
O cheiro mais ingênuo que a madrugada têm é Coca Cola com limão.
Ah! Saudade arredia... por que fui me lembrar destas coisas agora? Arrepiando lembranças de banheiro?
Como eram o nome daquelas pessoas? A menina do guardanapo de papel com o telefone? Onde foi parar o guardanapo?
Medo da espada de samurai.
Eles olham, elas vão. E eu sentada confortavelmente assistindo a tudo isso com os olhos esbugalhados.
Nada ali é o que parece ser, depois das três... playboy é traficante, mãe é receptora de mercadoria roubada, esposas bi sexuais. Estelionatária, ladra e mentirosa... mas como rebola bonitinho...
Ninguém aqui veio se apaixonar mas pode acontecer, se pela manhã um desses cruzar no caminho com alguém que esteve aqui após as três possivelmente ignorará solenemente.
Algumas filosofias dos poucos que estavam lá para algo mais que encher a cara, fazer algum dinheiro ou pegar alguém.
"Com esse vestido e essa cara moça, você pega quem você quiser"
"Estar de salto alto muda tudo"
"Vestida de calça jeans e camiseta você é um igual, te enche de certeza."
"De vestido e salto alto você é fêmea. Te enche de poder."
"Só vai para o inferno quem não ferveu em vida"
" A noite seleciona e corrompe"

Por que mamãe sempre disse para não aceitar carona de estranhos...

Sobre o que realmente importa é muito dificil escrever, especialmente quando já se passaram mais de um ano do ocorrido e eu não registrei, estou dando mole para minhas aminésias, correndo um risco grande de não me lembrar um dia de coisas tão importantes como que conheci o cara que povoou meus pensamentos por todo um mês de janeiro em uma carona despretenciosa, vivi o fim de semana mais louco até agora da minha vida, fiz amigos que eu gostaria de levar para a vida inteira e tudo isso em três dias, passados a base de coca cola e cigarro.
Agora não me vêm nada a cabeça, me lembro de estar muito louca e ter pensamentos incríveis, de um certo sorriso que encheu minha alma de dúvidas, de ter bancado muito cigarro e da decepção de descobrir que aquele sorriso tinha uma namorada...
De um "galo" e a dor provocada por uma garrafa de cerveja que caiu em minha cabeça e de que foi neste dia que adquiri uma marca horrosa de queimadura de cigarro no ombro direito, o que prova que seja lá que aquilo tudo tenha sido, marcou pra sempre.
Acabar com todos os fósforos da casa e ter que acender cigarro enfiando bombril na tomada e causar um curto circuito.
Lavar minhas roupas (e pasmem, a dele!) com shampoo na pia do banheiro.
Nadar só de camiseta e calcinha e brincar de cavalinho de guerra na piscina.
O cabelo dele despistava uma carequinha eminente.
Morar o fim de semana inteiro naquela casa e só ir embora na tarde véspera do Reveillon, e ter certeza absoluta que se eu quisesse ficar ali pra sempre ninguém ia nem reparar...
Muita droga rolando, muito cigarro, muita bebida e nenhuma comida.
Muita Coca Cola também e a constatação que dá pra viver pelo menos três dias só com essas coisas.
A bagunça que eu deixei no seu quarto e você deixou no meu coração...
Ninguém ali sabia a diferença de um óculos Armani verdadeiro e um comprado no Shopping Oiapoqui.
Meu eterno amigo R. e sua risada inesquecível.
Ouvir muita história de gente que morreu por causa do tráfico, conhecer alguns orfãos do tráfico, assistir filmes sobre tráfico enfim, falar muito de tráfico, medo de dormir e ser surpreendida por traficantes armados...rs
Zeus querendo todas as mulheres que passavam na sua frente.
Namoradinha sem sal de Zeus, bonita e razoavelmente inteligente, que não fazia a menor idéia do que acontecia por ali e vai ficar sem saber...
Eu não conseguindo voltar depois para minha vida "normal" e não me descidindo se vale a pena investir em "Zeus", mesmo sabendo da namorada e de suas históricas escapulidas...
Uma musiquinha sertaneja filha da puta de bonita que agora não me sai da cabeça.
Garotinhas de 14 anos que me superam em porraloquice umas cem vezes.
Mães inescrupulosas que usam suas garotinhas de 14 anos para obter algum benefício.
Medo de nunca mais assistir e promover tanta bagunça.
E saudade, muita e urgente!

Pra nada além que viver um grande amor.




Eu preciso:

Agora mesmo, de um lar, de mais dinheiro e um pouco de dramaticidade para convencê-lo de que posso sim, salva-lo desta vida miseravelmente sem graça que insiste em levar.

Uma noite só. Foi o suficiente para mudar meus planos.
Eu o quero de novo, daquele jeitinho imoral e gigoloso, com suas filisofias furadas e sua malandragem fracassada...
Quero fazer um filho contigo e brigar com você sobre como educa-lo melhor.
Quero aquele rango esperto no fim do dia, minha casa cheirosa e você de banho tomado... Trabalhar muito e fazer de você minha "esposa" solícita e investir em seus sonhos malucos meus dias de folga. Mantê-lo sonhando em meu leito e obriga-lo a me fazer gozar mil vezes por noite... Encarar de novo aquela sua família promíscua, brigar com seu povo, não ser de novo amada por nenhum deles, o que me interessa é o melhor da safra e eu sou mesmo chegada a um escracho.
A gente nunca sabe quanto tempo tem pela frente, vou investir cada segundo cometendo os nossos erros favoritos.
Fingindo que acredito em nosso futuro promissor, mas vai ser de novo tudo mentira! Não há nada mais a frente. Sei por que fui até lá e não trago boas novas...
Mas você não precisa saber disso minha criança, você só precisa se aqui em meu peito e ouvir este coração volúvel bater forte por que contrariando todas as previsões do Apocalipse o anticristo (o da bíblia não o de Nietzche!) não chegou e você está de volta, cretino e radiante como sempre
.E eu o amo com a mesma loucura que me fazia andar duas horas a pé para dormir ao seu lado e me fez em 40 minutos descolar uma nota para não fazer muito mais que encher a cara e a paciência com as asneiras que dispara quando está chapado. Para não fazer feio e te mostrar que ainda posso fazer suas vontades, matar sua fome e bancar a leoa ao menor sinal de ameça a você.
Sinto saudades do seu pai. Tenho certeza que a longo prazo você será como ele um lindo e distinto senhor, se me dá lincença, quero estar por perto para ver.
-Um aluguel, uma cama e um back no fim do dia.Uma vida curta e intensa que te ofereço até que os nossos já conhecidos problemas nos separem.
Até que você se dê conta do qual frágil e mediocre são minhas promessas, muito bem embrulhadas em um papel verde e bonito. Com um cartãozinho meigo e insinuante fazendo votos sinceros de que aproveite sem pudor nem moderação.




Sonhos que envelhecem.




O que mata o sonho é a realização (coisa triste, não?). A vitória põe fim a vontade de vencer.
Por isso mesmo eu acho que adiei por dez anos você... quando me meti a realizar todos os sonhos de infância te deixei no fim da fila, sabia que ia ser o de sempre, gostava de te ter na minha agenda de prioridades. Até que acordei querendo confusão! E passei por onde eu sabia que você estava. Tanto tempo te observando me ensinou muito sobre seus hábitos, não errei em nada não é? Quando estava a caminho de onde você se esconde todos os dias sabia, se te achasse ali seria aquilo tudo!
E me permiti um gole, um trago e me estender noite a fora. Papo bom. "Moça você cresceu", cerveja gelada, noite quente, muita roupa... me permiti.
Mesmo você não tendo mais aqueles olhos verde-garrafa de guaraná Antártica, mesmo você não jogando mais sinuca descalço, com os cabelos desgrenhados e fumando pra caralho enfumaçando o bar onde eu comia meus ingênuos salgadinhos chips, absolutamente desejável na sua falta de intimidade com o pente, me contentando só com a visão daquele que ainda era o homem mais bonito que já tinha visto de perto (depois do papai, claro!).
Eu já era meio voyeur naquela época. Contei todas as namoradas que você teve, odiei todas elas! e me achava (imagine...) muito melhor do que elas todas ainda que você não tivesse se dado conta, eu sabia que era uma questão de tempo (claro! pedofilia já era crime...) contei quantos carros teve e gostei mais daquele fusca côr de abóbora, hoje me dou conta do quanto ele era horroroso! Mas muita coisa hoje não é do jeito que imaginava naquela época, as serras que cercam Belo Horizonte não são azuis quando se chega perto delas sabe?
Sei quantas brigas se meteu na rua e das cicatrizes que ganhava depois delas, que para mim eram lindas e coisa de macho mesmo... Escrevia poeminhas sobre você, todos faziam menção a esses seus olhos, que na falta de melhor definição eu sempre classifquei como verde-garrafa de guaraná Antártica.
E hoje é a ultima vez que escrevo sobre você. Só para celebrar, sabe como é né? Fiquei algum tempo sem te ver, você não estava mais tão bonito, naquela noite contei o tempo que passou nas marcas de expressão do seu rosto que eu nunca tinha visto tão de perto.
Ainda não me decidi se foi sujo ou maravilhoso o que fizemos.
Você era projeto e virou estatística. Mas foi gostoso e colorido, como os desenhos que eu assistia na tv quando te conheci.