28 outubro 2009

Em off.

São 19 tatuagens e eu não posso amar alguém cujo corpo abriga 19 desenhos, um mais tosco que outro e que não refletem nada além de um modismo exarcebado. Sendo três deles nomes de mulheres, três marcas de um passado que eu desconheço em absoluto.
São só 18 anos de vida e menos de 8 passados em sala de aula, mesmo que eu desconsiderasse o fato de você ser 5 anos mais jovem que eu (afinal sou uma mulher moderna, imagina se me limitaria a um detalhe tão insignificante...) tem aí o problema da falta de uma educação formal, que você ao contrário de mim não julga importante.
E eu te vi rindo enquanto eu discursava com orgulho sobre o curso que faço!
E tem mais! Você é fútil e se veste como qualquer garoto aos 18, se rende a qualquer novidade que tenha caído no gosto popular, tem um vocabulário sujo e limitado, mora longe, torce pro Botafogo e alguém pelo amore, me explica o que era aquele seu cabelo vermelho???Mas ai! O que estou eu fazendo agora? Pensando de novo em você, lembrando as cinco bem feitas vezes em que fizemos amor.Fazem quase 24 horas que não consigo parar de arrepiar ao pensar em você, lembrando aquelas sujeiras que você falava ao meu ouvido, lembrando aquele sofá duro onde somente fingindo ignorar o número de pessoas que já devem ter trepado ali é possível se sentar.
Passamos ali o quê? 9 horas juntos? Sem dormir, conversando e contando mentiras, aquelas típicas de quanto pretende-se imprecionar alguém.
E entre uma risada e outra, cigarros, beijos e sexo. Deixa eu te contar que nunca foi assim... nunca! E eu pretendia manter em off essa história toda, tratar como algo isolado, um intervalo em minha vidinha descontrolada de antes e depois de você.
Mas como manter isolada uma coisa que está monopolizand0 meus pensamentos e me deixaram marcas no corpo que relembram aquela madrugada imemorial, onde eu me permiti todo prazer do mundo com alguém de quem mal sabia o nome mas cujo sorriso lindo não pude ignorar?

Marx, Engels e Kama Sutra

Eu acho impossível vê-los juntos agora sem remeter imediatamente a escada, ao elevador e a que ela sabe!
Gostosa a sensação do alcóol abandonando o corpo, tudo agora faz muito mais sentido...
Não dói! Esse meu fogo de palha me salva da sua canalhice.
Mas são as Ciências Socias, o coletivo e a intervenção positiva na sociedade. Somos todos aqui teóricos da boa convivência mas muito pouco dispostos a por em prática.
A gente se sente o máximo por ter uma educação formal mas duvido que assistiria a mais descaso com o semelhante se estivesse num morro, num baile funk qualquer.
Por que é tudo igual demais, todo mundo espera se dar bem depois de cinco copos de cerveja.
A descrição, o respeito e a lealdade a gente pratica são e ao sol. O alcóol e a noite selecionam e corrompem.
E eu estou falando da putaria que a todo mundo promove independente do grau de instrução, eu promovo, tu promoves e ele? O tempo todo e de preferência com alguma amiga minha... Foi tão previsível que nem ciumes eu posso sentir; O que fizemos com os amores caretinhas? -Eu sou seu e você meu, até que a morte nos separe? -Não tem ninguém nesse maldito curso afim de estudar isso não?
O "garoto que eu vou deixar em off" estava certo enfim, uma educação formal não te ensina nada de vida, mundo e boa convivência.

Perdoai as nossas ofensas...



Ecinho e consciência de Deus, que segundo ele "é um cara foda enão precisa ser bajulado"

- Deus é quase uma cerveja gelada (sobre o prazer de "receber" Deus)
- Não, Deus é como brincar de batata quente (se te tocou você deve passar pra frente, o bem não pode morrer em você)

"A inocência do prazer"


A mesma armadilha. Errar o mesmo erro até conseguir escrever sobre ele.
Dormir três noites ao lado dele e não fazer outra coisa além de dormir, e pior, nem toda a noite de conxinha. Penso que evoluí, pelo menos hoje não ando mais a pé para fazer a mesma coisa. Em um passado não muito distante era exatamente isso que eu fazia, andar pelo menos uns 9km sem um puto no bolso para dar ao menino uma nova oportunidade de me imprecionar. Talvez se eu não achasse o sexo tão fundamental, se tivesse tido mais carinho em casa, se pudesse dizer não aos meus impulsos.
Talvez... O fato é que estive de novo com ele, por quatro longos dias em que ele fumou muito, bebemos e dormirmos juntos para no último dia conseguir lhe bater uma punheta.
É para isso que gastei meu pouco dinheirinho investindo em lubrificantes e camisinhas, vinhos relativamente caros e principalmente torrando a minha escassa paciência. Bater-lhe uma punheta!
Vão me dizer que sexo não é tudo, mas eu sempre acho que as relações sexuais são o termômetro do amor. E aqui eu falo em quantidade mesmo. Muitas significam muita paixão. Poucas uma perda súbita de interesse na pessoa que se esforçou para dormir ao seu lado.
É carência e das bravas!
Tenho uma necessidade insasiável de contato físico, para mim dormir junto só é bom se eu puder me enganchar no seu pescoço por toda uma noite. E ouse reclamar de calor! Ver as costas do meu companheiro por toda a noite doloroso como passar fome.
Para mim dormir junto prevê um abraço interminável que o sono e a previsão metereológica não interfira e se possível sexo, antes de dormir e ao amanhecer. Para dormir cada qual virado para um canto fico em casa na minha caminha de solteiro, onde pelo menos ao acordar poderei soltar pum impunimente...
Mas o Cazuza escreveu algo nesse sentido,é uma música, chama-se "A inocência do prazer". É sobre como a gente se arma para fazer as coisas darem certo e em como estamos errados ao fazer isso. Geralmente saimos frustrados disso tudo, e mesmo quando a coisa sai, não flui.
Fica forçado... e a gente nunca terá certeza se era pra ser ou se forçarmos a barra de tal forma que teve que ser.
Outro dia foi assim, deitada ao lado dele sem a menor perspectiva de fazê-lo virar-se para mim. Olhando para sua nuca como uma mendinga esfomeada, xingando até sua oitava geração... Mas havia outras coisas que alimentavam o meu ódio além do tesão. Havia a minha vontade de sair pra rua e beber, estava linda e queria ser vista.
E o que fiz? Liguei para um seu amigo, disse que estávamos (eu e ele, que na verdade dormia profundamente) loucos para fazermos alguma coisa e perguntando que o tal amigo ia fazer aquela noite. Respondido, articulado e combinado fui me vestir de acordo e ele continuava dormindo. Só acordou na hora que esse seu amigo chegou já meio alterado pelo álcool, falando alto e insistindo que deveriamos acompanha-lo até um bar onde estava rolando uma banda legal. Ele, atordoado pelo sono aceitou. Por que não é o tipo de cara que deixa amigo na mão (namorada ele deixa!) e lá fomos nós, ele claro não entendendo como eu já poderia estar pronta para sair quando ele ainda estava terminando de acordar. E eu feliz com minha armação dando certo e com as possibilidades que a noite oferecia.
Se foi divertido? Sim, por que era noite, a cerveja estava gelada e as companhias eram muito agradáveis...
Mas seria muito melhor se não tivesse existido um outro dia, uma tarde que nada prometia e que ficará marcada pela naturalidade com que o prazer chega, sem ser solenemente convidado. Depois de tomar um banho despretencioso, entre o quarto dele e a cozinha. Olhar nos seus olhos durante um encontro bobo (eu ia a cozinha, ele voltava para o quarto) e ler neles todo o amor escrito através dos tempos. Um beijo só e ser arrastada para o quarto.
Tardes assim são tão maravilhosas que seriam melhor que não tivessem existido. Só assim eu poderia continuar a achar que posso com boa vontade contornar qualquer obstáculo ou ganhar carinho no grito!

No céu, sobre o lixo

Caminhar descalça no céu, de sainha de cortina e sob uma chuva medonha. Não há mais nesta casa onde fui feliz deseperadamente, ele vendeu tudo e cheirou tudo. Tá sem grana pra ir embora mas tenho certeza que irá ainda hoje. E vai ser melhor assim, preciso retomar a minha vida enquanto tenho uma. E ele precisa preservar melhor a dele.
Não consigo chorar e isto está me matando. Recuperei a fé em mim e em Deus. E ele foi totalmente responsável por isso, paradoxal. "Ele" que a vida toda negou todos os valores cristãos, se vangloria de ser comunista e ateu. No fim acabou dando-me motivos suficientes para buscar em oração a misericórdia divina.
Não sou capaz de afirmar que Deus estava conosco, mas deve ter mandado um representante eficiente. Outra coisa não explica que o ar ainda entre em nossos pulmões, nos mantendo vivos para continuar a praticar tanta merda. E ri delas.
O " Ele" em questão me recriou, melhor, me inventou outra vez e com ele vai uma Tulipa. Uma que só existiu em seus braços.
Aí a gente na emoção faz promessas, parei de beber e de fumar por que quero viver para ver onde esse cara vai parar! Potencial ele tem, falta mãe por perto.
Continuando, pela última vez nessa casa, sentada sobre um monte de papéis velhos e sujos e escrevendo estas coisas, valeu a pena demais errar ao seu lado... E ele as vezes fala umas coisas tão idiotas que só rindo mesmo... me fez anotar para depois calcular quantas namoradas teve e acabou de me contar que contando com a minha pessoa ele deve ter comido umas 30 meninas depois que terminou o ultimo namoro. Coisas que um líder politizado como ele só teria coragem de confessar a mim, prefiro nem imaginar o por que.
Exageros a parte, não consegui sentir ciúmes, juro. E nem estranho... acho que de tanto bancar a moderna eu deformei meu coração para sempre...
Eu o amo. Tá doendo pra caralho saber que agora é thau pra sempre mas eu ainda consigo sorrir.
Feliz por que tudo isso existiu de verdade, de novo bancando a leoa, decidida que não sei ser feliz de outra forma.
No final, felizmente não existe uma só maneira de fazer dar certo, fiz do meu jeito e deu muito certo. Tanto quanto pode dar certo algo que se faz de olhos fechados e guiada pela intuição.
Acabou aqui, sentada sobre um monte de lixo o luxo de coexistir com ele.
Sou grata. Deus é o cara!

Depois das 03:00

"-Pra começar não tem perdão! "
O que é ótimo, ser perdoada a essa altura tiraria metade do tesão. Me lembrei esta manhã da selvageria promovida as três da madrugada, que não se permite dormir mais tarde nunca viu.
E bateu saudade, meu coração agora está envenenado deste sentimento: O que se vê depois das três?
- Coisas como pó, homossexualismo e prostituição.
-Meninas que até as onze manteram a pose e não se jogaram no colo de seus algozes, mas depois disso, prevendo que não haveria coisa melhor a fazer, sucumbiram... e na manhã seguinte vão arrepender-se, e começar todo o ciclo vicioso outra vez: arrependimento-orgulho-tentação-retorno.
Ninguém que pisa na rua após as três é muito bom em resitir as tentações.
Lembrar a madrugada e falar de suicídio, por que pouco sono adoece, coisas que estimulam e não deixam dormir viciam, o prazer destas coisas todas que acontecem todas as noites em qualquer bar desta cidade entorpecem...
E o pó no capô da carro, e moça que samba linda em sua vulgaridade em frente ao Dj Box e claro, o indisvendável segredo da sainha de cortina.
Por onde é que essa gente anda por todo o dia que não se cansa?
A quanto tempo sambam e bebem assim?
Hoje ninguém trabalha amanhã.
Ninguém tem filhos, nem marido, nem esposa.
Todo mundo é rico e lindo, por que a madrugada corrompe e seleciona.
O cheiro mais ingênuo que a madrugada têm é Coca Cola com limão.
Ah! Saudade arredia... por que fui me lembrar destas coisas agora? Arrepiando lembranças de banheiro?
Como eram o nome daquelas pessoas? A menina do guardanapo de papel com o telefone? Onde foi parar o guardanapo?
Medo da espada de samurai.
Eles olham, elas vão. E eu sentada confortavelmente assistindo a tudo isso com os olhos esbugalhados.
Nada ali é o que parece ser, depois das três... playboy é traficante, mãe é receptora de mercadoria roubada, esposas bi sexuais. Estelionatária, ladra e mentirosa... mas como rebola bonitinho...
Ninguém aqui veio se apaixonar mas pode acontecer, se pela manhã um desses cruzar no caminho com alguém que esteve aqui após as três possivelmente ignorará solenemente.
Algumas filosofias dos poucos que estavam lá para algo mais que encher a cara, fazer algum dinheiro ou pegar alguém.
"Com esse vestido e essa cara moça, você pega quem você quiser"
"Estar de salto alto muda tudo"
"Vestida de calça jeans e camiseta você é um igual, te enche de certeza."
"De vestido e salto alto você é fêmea. Te enche de poder."
"Só vai para o inferno quem não ferveu em vida"
" A noite seleciona e corrompe"

Por que mamãe sempre disse para não aceitar carona de estranhos...

Sobre o que realmente importa é muito dificil escrever, especialmente quando já se passaram mais de um ano do ocorrido e eu não registrei, estou dando mole para minhas aminésias, correndo um risco grande de não me lembrar um dia de coisas tão importantes como que conheci o cara que povoou meus pensamentos por todo um mês de janeiro em uma carona despretenciosa, vivi o fim de semana mais louco até agora da minha vida, fiz amigos que eu gostaria de levar para a vida inteira e tudo isso em três dias, passados a base de coca cola e cigarro.
Agora não me vêm nada a cabeça, me lembro de estar muito louca e ter pensamentos incríveis, de um certo sorriso que encheu minha alma de dúvidas, de ter bancado muito cigarro e da decepção de descobrir que aquele sorriso tinha uma namorada...
De um "galo" e a dor provocada por uma garrafa de cerveja que caiu em minha cabeça e de que foi neste dia que adquiri uma marca horrosa de queimadura de cigarro no ombro direito, o que prova que seja lá que aquilo tudo tenha sido, marcou pra sempre.
Acabar com todos os fósforos da casa e ter que acender cigarro enfiando bombril na tomada e causar um curto circuito.
Lavar minhas roupas (e pasmem, a dele!) com shampoo na pia do banheiro.
Nadar só de camiseta e calcinha e brincar de cavalinho de guerra na piscina.
O cabelo dele despistava uma carequinha eminente.
Morar o fim de semana inteiro naquela casa e só ir embora na tarde véspera do Reveillon, e ter certeza absoluta que se eu quisesse ficar ali pra sempre ninguém ia nem reparar...
Muita droga rolando, muito cigarro, muita bebida e nenhuma comida.
Muita Coca Cola também e a constatação que dá pra viver pelo menos três dias só com essas coisas.
A bagunça que eu deixei no seu quarto e você deixou no meu coração...
Ninguém ali sabia a diferença de um óculos Armani verdadeiro e um comprado no Shopping Oiapoqui.
Meu eterno amigo R. e sua risada inesquecível.
Ouvir muita história de gente que morreu por causa do tráfico, conhecer alguns orfãos do tráfico, assistir filmes sobre tráfico enfim, falar muito de tráfico, medo de dormir e ser surpreendida por traficantes armados...rs
Zeus querendo todas as mulheres que passavam na sua frente.
Namoradinha sem sal de Zeus, bonita e razoavelmente inteligente, que não fazia a menor idéia do que acontecia por ali e vai ficar sem saber...
Eu não conseguindo voltar depois para minha vida "normal" e não me descidindo se vale a pena investir em "Zeus", mesmo sabendo da namorada e de suas históricas escapulidas...
Uma musiquinha sertaneja filha da puta de bonita que agora não me sai da cabeça.
Garotinhas de 14 anos que me superam em porraloquice umas cem vezes.
Mães inescrupulosas que usam suas garotinhas de 14 anos para obter algum benefício.
Medo de nunca mais assistir e promover tanta bagunça.
E saudade, muita e urgente!

Pra nada além que viver um grande amor.




Eu preciso:

Agora mesmo, de um lar, de mais dinheiro e um pouco de dramaticidade para convencê-lo de que posso sim, salva-lo desta vida miseravelmente sem graça que insiste em levar.

Uma noite só. Foi o suficiente para mudar meus planos.
Eu o quero de novo, daquele jeitinho imoral e gigoloso, com suas filisofias furadas e sua malandragem fracassada...
Quero fazer um filho contigo e brigar com você sobre como educa-lo melhor.
Quero aquele rango esperto no fim do dia, minha casa cheirosa e você de banho tomado... Trabalhar muito e fazer de você minha "esposa" solícita e investir em seus sonhos malucos meus dias de folga. Mantê-lo sonhando em meu leito e obriga-lo a me fazer gozar mil vezes por noite... Encarar de novo aquela sua família promíscua, brigar com seu povo, não ser de novo amada por nenhum deles, o que me interessa é o melhor da safra e eu sou mesmo chegada a um escracho.
A gente nunca sabe quanto tempo tem pela frente, vou investir cada segundo cometendo os nossos erros favoritos.
Fingindo que acredito em nosso futuro promissor, mas vai ser de novo tudo mentira! Não há nada mais a frente. Sei por que fui até lá e não trago boas novas...
Mas você não precisa saber disso minha criança, você só precisa se aqui em meu peito e ouvir este coração volúvel bater forte por que contrariando todas as previsões do Apocalipse o anticristo (o da bíblia não o de Nietzche!) não chegou e você está de volta, cretino e radiante como sempre
.E eu o amo com a mesma loucura que me fazia andar duas horas a pé para dormir ao seu lado e me fez em 40 minutos descolar uma nota para não fazer muito mais que encher a cara e a paciência com as asneiras que dispara quando está chapado. Para não fazer feio e te mostrar que ainda posso fazer suas vontades, matar sua fome e bancar a leoa ao menor sinal de ameça a você.
Sinto saudades do seu pai. Tenho certeza que a longo prazo você será como ele um lindo e distinto senhor, se me dá lincença, quero estar por perto para ver.
-Um aluguel, uma cama e um back no fim do dia.Uma vida curta e intensa que te ofereço até que os nossos já conhecidos problemas nos separem.
Até que você se dê conta do qual frágil e mediocre são minhas promessas, muito bem embrulhadas em um papel verde e bonito. Com um cartãozinho meigo e insinuante fazendo votos sinceros de que aproveite sem pudor nem moderação.




Sonhos que envelhecem.




O que mata o sonho é a realização (coisa triste, não?). A vitória põe fim a vontade de vencer.
Por isso mesmo eu acho que adiei por dez anos você... quando me meti a realizar todos os sonhos de infância te deixei no fim da fila, sabia que ia ser o de sempre, gostava de te ter na minha agenda de prioridades. Até que acordei querendo confusão! E passei por onde eu sabia que você estava. Tanto tempo te observando me ensinou muito sobre seus hábitos, não errei em nada não é? Quando estava a caminho de onde você se esconde todos os dias sabia, se te achasse ali seria aquilo tudo!
E me permiti um gole, um trago e me estender noite a fora. Papo bom. "Moça você cresceu", cerveja gelada, noite quente, muita roupa... me permiti.
Mesmo você não tendo mais aqueles olhos verde-garrafa de guaraná Antártica, mesmo você não jogando mais sinuca descalço, com os cabelos desgrenhados e fumando pra caralho enfumaçando o bar onde eu comia meus ingênuos salgadinhos chips, absolutamente desejável na sua falta de intimidade com o pente, me contentando só com a visão daquele que ainda era o homem mais bonito que já tinha visto de perto (depois do papai, claro!).
Eu já era meio voyeur naquela época. Contei todas as namoradas que você teve, odiei todas elas! e me achava (imagine...) muito melhor do que elas todas ainda que você não tivesse se dado conta, eu sabia que era uma questão de tempo (claro! pedofilia já era crime...) contei quantos carros teve e gostei mais daquele fusca côr de abóbora, hoje me dou conta do quanto ele era horroroso! Mas muita coisa hoje não é do jeito que imaginava naquela época, as serras que cercam Belo Horizonte não são azuis quando se chega perto delas sabe?
Sei quantas brigas se meteu na rua e das cicatrizes que ganhava depois delas, que para mim eram lindas e coisa de macho mesmo... Escrevia poeminhas sobre você, todos faziam menção a esses seus olhos, que na falta de melhor definição eu sempre classifquei como verde-garrafa de guaraná Antártica.
E hoje é a ultima vez que escrevo sobre você. Só para celebrar, sabe como é né? Fiquei algum tempo sem te ver, você não estava mais tão bonito, naquela noite contei o tempo que passou nas marcas de expressão do seu rosto que eu nunca tinha visto tão de perto.
Ainda não me decidi se foi sujo ou maravilhoso o que fizemos.
Você era projeto e virou estatística. Mas foi gostoso e colorido, como os desenhos que eu assistia na tv quando te conheci.