06 abril 2010

Brindando a Lou...

Ainda falando de inveja... o que eu não daria para ser a autora de algo como o que você lerá abaixo.
Para quem não conhece esta é a Elisa Lucinda, uma flôr mulata e visceral... odeio não ser capaz de escrever como ela mas ainda assim compartilhar desse mesmo desejo...  A poesia que escolhi se chama "Da chegada do amor". Linda, transparente... despudorada! Como a própria Elisa.
Ah, o que motivou a postar algo de Elisa Lucinda é brindar uma nova amizade, uma moça bonita aí... cuja a intensidade me deixou embriagada e a poesia postada em seu blog me fez lembrar a obra de Elisa.

DA CHEGADA DO AMOR...

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.

Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.

Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.



Sem senãos.



Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.

3 comentários:

Lou Albergaria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tulipah disse...

Sim, Tulipas são tudo isso que você disse, mas a idéia ao adotar o codinome que deu nome ao Blog é diferente: Parte da idéia da morte prematura Lou, da morte da flôr ornamental... geralmente serão colhidas ainda botão, para preservar o seu frescor. Ou seja, morrerão jovens, muito jovens...
Não, não sei se estou morrendo... acho que não!
Mas a gente nunca sabe, então parto do pressuposto de que todo dia será meu últmimo dia e tento de verdade me dedicar as coisas que me dão prazer, os delitos e os deleites de uma flôr... Me coloco no lugar de uma possivel Tulipa, que a qualquer momento será colhida...mas não pode prever quando... ninguém pode.
Li o seu último comentário junto com minha mãe...ela também tem um blog e adora escrever,herança que herdei. Estou lhe falando dela porque acho que há algumas semelhanças entre os textos que você escreve, como o seu comentário e alguns textos postados no blog da minha mãe, quando ela não está usando pincéis está usando a caneta...
Entra lá e confere: http://www.donnaluzecrystal.blogspot.com/
Um abraço

Lou Albergaria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.